Nossa próxima roda será no dia 1º de Maio, bem no dia do Trabalhador. Portanto, cabe aqui no blog discorremos brevemente sobre a data, que ao contrário do que muitos pensam, é dia de Luta, não de Festa.
No dia 1º de Maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, trabalhadores organizaram uma manifestação em prol da jornada de trabalho de 8 horas diárias, com milhares de trabalhadores nas ruas. Nesta mesma data, uma Greve Geral foi conclamada nos Estados Unidos. No dia 3 de Maio, um pequeno levante urbano entrou em choque com a polícia, onde manifestantes foram assassinados. No dia 4 de Maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto às mortes posteriores, quando que, nessa nova manifestação uma bomba explode entre a polícia matando sete agentes, a polícia então abre fogo contra a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos com a Revolta de Haymarket.
Três anos mais tarde, a Internacional Socialista (orgão dos trabalhadores de todo mundo) reunida em Paris decide convocar anualmente uma manifestação em homengame aos mártires de Chicago e reinvindicando 8 horas de trabalho. Em 1891, uma manifestação no norte da França é novamente dispersada pela polícia, onde dez trabalhadores são assassinados.
A partir deste novo desastre, o 1º de Maio tornou-se o dia de LUTA dos trabalhadores de todo mundo por melhores condições de trabalho.
No Brasil, até a era Vargas (1930-1945) a data do 1º de Maio possuía o mesmo caráter de Luta que havia em todo mundo, fato muito incentivado pela movimentação anarquista e comunista no seio do movimento operário até então. O 1º de Maio era um momento de protesto e crítica às estruturas sócio-econômicas. Getúlio Vargas, muito esperto, transfigurou o 1º de Maio como dia de Festa do trabalhador em seu dia, a partir de então, a data de Luta perdeu seu sentido, onde antes era um dia de reflexão, piquetes e passeatas, passou a ser dia de festas populares, com desfiles, etc. E assim se explica o que vemos atualmente, uma data em que o movimento sindical atrelado ao governo celébra shows, sorteios de casas e carros, tudo, menos reflexão. Não podemos deixar que a gênese de LUTA do 1º de Maio caia no esquecimento.
Assim como também não podemos deixar cair em esquecimento os Primeiros Trabalhadores do Brasil, os escravos negros, que foram capiturados como coisas nas savanas africanas, jogados em naus e açoitados durante séculos em solo tupinikim sob domínio dos portugueses.
OS PRIMEIROS TRABALHADORES DE NOSSA HISTÓRIA FORAM OS ESCRAVOS! (Índios e Negros)
Não esqueçamos de nosso triste passado, para que ele jamais se repita. 1º de Maio apesar de gênese européia, não tem cor, assim como trabalhador não tem pátria. TRABALHADOR é TRABALHADOR em qualquer lugar.
O 1º de Maio é uma LUTA de TODOS.
Como homenagem, aí segue uma poesía abolicionista de CASTRO ALVES.
Como homenagem, aí segue uma poesía abolicionista de CASTRO ALVES.
A CANÇÃO DO AFRICANO
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E a meia voz lá responde
Ao canto, e o fillhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!
"Minha terra é lá bem longe,
Das brandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
"O sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia
Ninguém sabe como é belo
Ver da tarde a papa-ceia!
Faz em brasa toda a areia
Ninguém sabe como é belo
Ver da tarde a papa-ceia!
"Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar...
"Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro."
O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
Pra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!
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O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sola nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.
E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!
(Recife, 1863)
Dia do TRABALHADOR,
ResponderExcluirNão do TRABALHO!
o trabalho empobrece o homem
ResponderExcluirNo Brasil, em 2010 (século XIX!), tramita no Congresso, com mta dificuldade de ser aprovada, a lei que limita a 40 horas semanais de trabalho.
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