terça-feira, 28 de julho de 2009

Anarquia, Artes Marciais e Capoeira Angola


O último dia 25 foi agitado para Contra-Mestre Cenorinha e o Grupo No Fio da Navalha. A tarde foi de bate-papo na Casa Da Largatixa Preta “Malagueña Salerosa”, onde Cenorinha e alunos participaram do evento (debate-boca) cujo tema foi: Anarquia e Artes Marciais – e que contou também com a presença do Shihan Otávio Domingo Lunardi, mestre de Karatê Heikokai-Do . Foi uma tarde de conversa, histórias e muita informação, onde primeiramente o eixo central da papeação foi o Anarquismo, que para aqueles que não sabem, é uma filosofia política primordialmente anti-autoritária, anti-capitalista e que propõem uma nova forma de organização da sociedade pautada sobre princípios libertários, entre eles a solidariedade, o apoio mútuo e a autogestão. Trocando em miúdos, o Anarquismo propõem que todos os indivíduos sejam realmente livres e iguais na sociedade, organizando-se de baixo(povo) para cima(podero$o$), afim de que não mais exista nem os debaixo e nem os de cima, horizontalizando a sociedade onde todos gozem da igualdade de direitos e oportunidades. Por ser anti-capitalista, o Anarquismo questiona a lógica da sociedade de consumo, que a cada dia gera mais alienação, lixo e poluição ao mundo, além de renda aos empresários e desejos nunca saciados aos da classe baixa, que acabam muitas vezes entrando nos caminhos tortos da vida em busca de Riqueza+Consumo=Poder . Por fim, para fechar este parêntesis sobre o Anarquismo, cabe finalizar dizendo que os libertários (anarquistas) buscam uma política além do Voto, por acreditarem que ninguém pode melhor tomar as decisões que eles próprios sobre suas vidas, por isso, nas eleições votam Nulo (em protesto) e no cotidiano organizam-se em grupos/assembléias para resolver problemas práticos do viver em sociedade.A partir do Anarquismo a discussão foi indo para o karate e as Artes Marciais até chegar na Capoeira. Que embora surgirem em hemisférios distintos do planeta, ambas artes foram criadas com um intuito social, de lutar contra as tiranias. Neste ponto, houve polêmica, pois diferentemente do Shihan Otávio Domingo Lunardi, Contra-Mestre Cenorinha não vê a Capoeira Angola também com uma arte marcial, e sim com uma expressão cultural (que envolve desde luta à dança), que o negro inventou contra a tirania do Capitalismo racista da época Moderna.A auto-disciplina também foi consenso como o Caminho para a Liberdade, sendo assim contextualizada na auto-organização de um grupo, como também na autonomia do praticante de qualquer arte ou luta. Muito mais foi debatido entre milhos cozidos, mexericas e chás servidos no centro da roda, para os que não foram, restam as fotos e a sugestão para novos debates.



O segundo tempo do sábado foi destinado a nossa Roda quinzenal, na sede do Grupo No Fio da Navalha. Numa noite de casa cheia, com Capoeira vinda até mesmo da Costa Rica (FICA), e que mostrou que na Roda da Capoeira só existe um idioma, a vadiação, e que o Axé da Capoeira, converge para o pensamento libertário de não respeitar as fronteiras criadas para controlar os homens e suas propriedades. A Capoeira se faz libertária em seu sentimento, no companheirismo, na ânsia por liberdade, no respeito dos que sabem que na roda, nunca joga-se contra, e sim com o camarada.

Muito Axé aos visitantes que quinzenalmente vêm prestigiar a Capoeira Angola da Sacadura Cabral, aos amig@s da Casa da Largatixa Preta, a todos mestres, alunos e visitantes virtuais.

Até a próxima roda.

4 comentários:

  1. Que bom que gostaram do debate! Da próxima vez eu colo na roda também, vendo as fotos deu vontade!

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  2. Eita tem até foto minha aqui...rs

    Obrigado! Por cada um dessa família ter me estendido a mão de um jeito diferente e hoje me sentir em casa.

    Beijo

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  3. Esta foi a primeira vez que estive nesta casa...Foi o momento que eu decidi entrar nesta familia... Axé.

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